"Estranho é o amor que se esvai nos dedos do medo e da indiferença. Dedos de desejo que querem tocar o proibido, ficando sempre pelo próprio corpo que responde com espasmos nunca fortes, nuna intensos. Estranho é o amor que não se parte, que fica eterno e doente. Amor é dor, é agitação, é ir..."
"Tinha colocado o meu anjo num pedestal, demasiado alto (...), com as suas asas sempre abertas, prontas a levantar voo, mas sem braços para me prender e agarrar.
Imaginei-o á minha medida, último recurso de vida, sem o qual não poderia sobreviver.
(...), nunca me entregava plenamente, com medo da culpa. Não queria ser eu o causador do fim do sonho...
Não me deixava apaixonar porque ou o Tomé viria e, sem pensar duas vezes, largava tudo para ficar com ele, necessariamente magoando quem estivesse comigo, ou porque me tinha apaixonado verdadeiramente e não regressaria com ele, e então seria meu o ónus da destruição do amor infinito e eterno que havíamos prometido um ao outro.
E os outros, com quem tentava estar, apercebiam-se da falta de entrega, do olhar parado, perdido no longínquo horizonte, e também partiam...
Não suportava viver só, desacompanhado e tentava encontrar uma e outra vez quem me acompanhasse nas madrugas vazias, nas alvoradas solitárias, nos dias sem fim. Queria encontrar nesses outros a alma gémea, a partilha de uma vida, mas afinal, buscava neles, simplesmente um reflexo, um traço, um odor, uma pena da asa do Tomé. E, no meio da solidão, desejava que fosse só meu, o segredo de quem dormia as noites comigo..."
"Faz o que quiseres. Espero por ti. Não sei é se o sítio onde eu então esperarei por ti te será acessível quando tenhas chegado a uma decisão... No entanto... sei que espero por ti. És o tal. A alma gémea que existe para dar luz a todas as minhas existências. E eu sou o tal. A tua.
Se não for nesta vida talvez seja noutra; talvez eu ainda não te mereça... Talvez tu não me mereças a mim... Talvez ainda não seja o tempo de dar"
"Acho que ficaremos só amigos, porque é o que tu realmente queres; desisti de pensar que tudo voltará a ser como dantes, creio (...), não me esquecerei nunca do que me disseste, escreveste, fizeste, tudo... Sabe bem saber que existem pessoas no mundo capazes de nos amar e de mostrar que nem tudo é mau na vida... Acho que quando disse aquilo de não ser nesta vida, estava a pressagiar acontecimentos futuros... Pode ser que na próxima vida nos encontremos mais cedo e tudo seja diferente, porque me parece que nesta vida tudo foi tarde demais. Quando morrer e for para o céu, direi à Amália tudo aquilo que me disseste em segredo, ao ouvido, á noite... e sorrirei porque tudo foi bonito e tudo agora me pertence. Tu não serás mais tu... tu serás aquilo que eu transformei... Pensarás em mim para o resto da tua vida, ver-me-ás nas pequenas coisas que estão por todo o lado. Há coisas que passaram a ser meus sinónimos na tua vida e que sempre que te cruzes com elas te farão pensar na minha existência. Acho que sabes quais são essas coisas. Um dia irás á Grécia e verás que estou presente... Os mármores serão a minha pele, as águas mediterrânicas as minhas lágrimas, o aroma presente no ar, o meu perfume... tudo será bonito e especial. Tudo será nosso. Não partilharás isso com mais ninguém... Alegro-me de que seja assim... consegui deixar-te algo para sempre! Lembro-me de ti! Olhos as estrelas e penso em ti. Sinto o teu aroma. Recordo como se tivesse sido ontem a nossa primeira vez. Passo todos os dias por aquele local e parece-me que vejo o teu carro chegar para que te conheça pela segunda vez e me leves para tua casa... Tenho um pouco do teu ser dentro de mim. Mas que seja como tu quiseres."
" - Sabes que nunca aguentei ver-te chorar? Ficava aflito, sem saber o que fazer, porque sabia que sofrias, muitas vezes por mim, e eu não queria. Mas mais importante, sei, porque o sinto na pele, na alma e na transcendência, com uma convicção e firmeza inabaláveis, que serás sempre o amor da minha vida e que ainda vou sofrer muito por não te ter. Mas é mais forte do que eu..."
" - Ás vezes, penso se não é feitiço ou maldição. Como é possível amar-te tanto e não conseguir estar contigo? Tantas vezes quis voltar e não o fiz com medo de te magoar, com medo desta volubilidade, de chegar e partir de novo sem razão aparente, deixando-te outra vez abandonado e a sofrer. Mas outras houve em que queria voltar com toda a vontade que em mim havia e sentia uma força estranha e misteriosa, potente e imbatível que me puxava para longe de ti, deixando-me prostrado sem ânimo nem pujança para a combater. Não era falta de firmeza, nem de coragem, nem de têmpera, era falta de energia motora, de força motriz para a vencer.
A lágrima teimosa que tanto lhe custava ver escorrer, libertou-se por fim."
"Tinha colocado o meu anjo num pedestal, demasiado alto (...), com as suas asas sempre abertas, prontas a levantar voo, mas sem braços para me prender e agarrar.
Imaginei-o á minha medida, último recurso de vida, sem o qual não poderia sobreviver.
(...), nunca me entregava plenamente, com medo da culpa. Não queria ser eu o causador do fim do sonho...
Não me deixava apaixonar porque ou o Tomé viria e, sem pensar duas vezes, largava tudo para ficar com ele, necessariamente magoando quem estivesse comigo, ou porque me tinha apaixonado verdadeiramente e não regressaria com ele, e então seria meu o ónus da destruição do amor infinito e eterno que havíamos prometido um ao outro.
E os outros, com quem tentava estar, apercebiam-se da falta de entrega, do olhar parado, perdido no longínquo horizonte, e também partiam...
Não suportava viver só, desacompanhado e tentava encontrar uma e outra vez quem me acompanhasse nas madrugas vazias, nas alvoradas solitárias, nos dias sem fim. Queria encontrar nesses outros a alma gémea, a partilha de uma vida, mas afinal, buscava neles, simplesmente um reflexo, um traço, um odor, uma pena da asa do Tomé. E, no meio da solidão, desejava que fosse só meu, o segredo de quem dormia as noites comigo..."
"Faz o que quiseres. Espero por ti. Não sei é se o sítio onde eu então esperarei por ti te será acessível quando tenhas chegado a uma decisão... No entanto... sei que espero por ti. És o tal. A alma gémea que existe para dar luz a todas as minhas existências. E eu sou o tal. A tua.
Se não for nesta vida talvez seja noutra; talvez eu ainda não te mereça... Talvez tu não me mereças a mim... Talvez ainda não seja o tempo de dar"
"Acho que ficaremos só amigos, porque é o que tu realmente queres; desisti de pensar que tudo voltará a ser como dantes, creio (...), não me esquecerei nunca do que me disseste, escreveste, fizeste, tudo... Sabe bem saber que existem pessoas no mundo capazes de nos amar e de mostrar que nem tudo é mau na vida... Acho que quando disse aquilo de não ser nesta vida, estava a pressagiar acontecimentos futuros... Pode ser que na próxima vida nos encontremos mais cedo e tudo seja diferente, porque me parece que nesta vida tudo foi tarde demais. Quando morrer e for para o céu, direi à Amália tudo aquilo que me disseste em segredo, ao ouvido, á noite... e sorrirei porque tudo foi bonito e tudo agora me pertence. Tu não serás mais tu... tu serás aquilo que eu transformei... Pensarás em mim para o resto da tua vida, ver-me-ás nas pequenas coisas que estão por todo o lado. Há coisas que passaram a ser meus sinónimos na tua vida e que sempre que te cruzes com elas te farão pensar na minha existência. Acho que sabes quais são essas coisas. Um dia irás á Grécia e verás que estou presente... Os mármores serão a minha pele, as águas mediterrânicas as minhas lágrimas, o aroma presente no ar, o meu perfume... tudo será bonito e especial. Tudo será nosso. Não partilharás isso com mais ninguém... Alegro-me de que seja assim... consegui deixar-te algo para sempre! Lembro-me de ti! Olhos as estrelas e penso em ti. Sinto o teu aroma. Recordo como se tivesse sido ontem a nossa primeira vez. Passo todos os dias por aquele local e parece-me que vejo o teu carro chegar para que te conheça pela segunda vez e me leves para tua casa... Tenho um pouco do teu ser dentro de mim. Mas que seja como tu quiseres."
" - Sabes que nunca aguentei ver-te chorar? Ficava aflito, sem saber o que fazer, porque sabia que sofrias, muitas vezes por mim, e eu não queria. Mas mais importante, sei, porque o sinto na pele, na alma e na transcendência, com uma convicção e firmeza inabaláveis, que serás sempre o amor da minha vida e que ainda vou sofrer muito por não te ter. Mas é mais forte do que eu..."
" - Ás vezes, penso se não é feitiço ou maldição. Como é possível amar-te tanto e não conseguir estar contigo? Tantas vezes quis voltar e não o fiz com medo de te magoar, com medo desta volubilidade, de chegar e partir de novo sem razão aparente, deixando-te outra vez abandonado e a sofrer. Mas outras houve em que queria voltar com toda a vontade que em mim havia e sentia uma força estranha e misteriosa, potente e imbatível que me puxava para longe de ti, deixando-me prostrado sem ânimo nem pujança para a combater. Não era falta de firmeza, nem de coragem, nem de têmpera, era falta de energia motora, de força motriz para a vencer.
A lágrima teimosa que tanto lhe custava ver escorrer, libertou-se por fim."
Textos retirados do livro "Os Anjos de Gabriel" de Francisco Corrêa.
Incrível como vejo a minha alma reflectida em certas partes destes excertos.
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