Se há coisas que me fazem saltar a tampa, uma delas é acharem que têm direito a manusearem as nossas vidas, como se de uma personagem de uma novela ou série se tratasse. Salta-me a tampa quando nos julgam e "decidem" se podemos ou não, partilhar a nossa vida de uma maneira mais "funcional", com a pessoa que o nosso coração escolheu, seja para ter todos os direitos que todos os casais têm, seja para facilidade a nível de visitas em hospitais, em apoios seja lá de que tipo for. Salta-me a tampa, quando vejo negados DIREITOS. Onde é que isto já se viu?
Acho que já nem tampa, nem garrafa, eu acho que fico mesmo sem nada, sem chão, sem um pingo de sangue, quando oiço certo tipo de afirmações. Que os rapazes, vão ser obrigatoriamente gays por viverem com duas mulheres; que as meninas, vão ser obrigatoriamente lésbicas por viverem com dois homens. Hello!!! Eu vivo á 23 anos num ambiente heterossexual, com um pai católico que até é um exagero. Agora expliquem-me como é que isto aconteceu? Como é que raio me fui eu lembrar de ser assim? Ah pois é, se calhar porque não tem nada a ver com o ambiente que nos rodeia, mas com um bichinho que foi crescendo dentro de nós e que chegou a um ponto em que precisou de gritar cá para fora e de me mostrar o meu verdadeiro eu, que estava escondido cá dentro desde sempre. O eu que merece ser feliz, independentemente do sexo da pessoa que preciso a meu lado.
Seja de que maneira for, já temos o casamento e agora a co-adopção. Para muitos são passinhos de bebé, para mim, parece o primeiro passo do homem na Lua. Desde que me lembro de existir, que a sociedade homossexual, andava escondida, ninguém sabia de ninguém, nem de nada; felizmente, fomos começando a abrir as portas e a espreitar cá para fora, fomos dando as mãos e formando grupos que a meu ver, nunca pensei que fossem tão grandes e tão fortes; para mim, o casamento foi um passo tão especial (impossível não ficar emocionada no momento em que soube de tal notícia), o da co-adopção, trata-se de mais um passinho e se correr tudo pelo melhor, a adopção vem a seguir! Haja esperança.
Porque a minha ainda não desapareceu, de ter pelo menos a oportunidade de casar (mesmo que não o faça, de ter essa possibilidade), de partilhar a casa com alguém e de ter um filho, em que a minha mulher o possa adoptar ou vice-versa e se não houver oportunidade para isso, que possamos ter a oportunidade de adoptar. Infelizmente, o que não faltam por ai, são crianças a precisar de carinho, de amor, de compreensão.
Que sejam apenas os primeiros passos de muitos e que sejamos um grupo forte e unido, para mostrar a quem quer que seja, que temos os mesmos direitos, principalmente o mais essencial ao ser humano, o de ser feliz.
:)